Cartas para Johnny

Quando foi que o relógio começou a girar no sentido inverso?

Permaneço sentada, amortecida por lembranças de um passado recente, onde horas são dias e dias são anos. Ninguém vive de inversão, somente minhas lembranças que estão pressas nesta obscura imensidão.

No retumbar do coração, os meus passos vão caminhando para atrás, cansativa corrida contra o tempo, num tempo onde tudo florescia e não sofria por sua ausência.

E enquanto o filme volta para o recomeço, percebo quantos erros foram cometidos sem humildade, sem controle, apenas movimentados pelas emoções. Cada passo, uma contradição, e aquela dorzinha no meio do peito agora é imensidão.

O som da nossa música inflama os ouvidos e desencadeia tudo aquilo que queria esquecer, de todos os sentimentos, eu só queria apagar você. O nosso filme foi lindo, foi uma pena que só você não quis assistir.

Sentada na poltrona do cinema, o título aparece grandioso, e você senta do meu lado para que tudo possa recomeçar e acabar, para que eu posso andar no descompasso inverso do relógio. E sabe aquele tic tac nervoso? É os passos que retrocedo e avanço na sua direção, meu querido Johnny.





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